"Contra o ex-presidente não se achou absolutamente nada", diz advogado de Bolsonaro no STF
Wellison Sales - Redação RedeTV!Veja os principais apontamentos de Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro
(Foto: Antonio Augusto/STF)
Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, defendeu o ex-presidente na sessão da Primeira Turma do STF, nesta terça-feira (25), que analisa o recebimento da denúncia por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Vilardi argumentou que, durante as investigações, "não foi achado nenhum documento" que ligasse Bolsonaro ao caso. O advogado também questionou a temporalidade dos supostos crimes contra a democracia, afirmando que são "impossíveis", pois teriam começado em dezembro de 2021, quando o próprio Bolsonaro ainda era presidente.
A defesa classificou o volume de documentos da denúncia como "um quebra-cabeça exposto à defesa", criticando a complexidade do material. Vilardi defendeu que o julgamento deveria ocorrer no plenário do STF, e não na Primeira Turma. Além disso, negou qualquer envolvimento de Bolsonaro com o plano Punhal Verde e Amarelo e a Operação Copa 2022.
Delação de Mauro Cid
Sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Vilardi enfatizou que as acusações precisam ser corroboradas por provas. "O delator tem que falar e o Estado tem de trazer as provas", disse. Ele também rejeitou a tese de que Bolsonaro lideraria uma organização criminosa, argumentando que "não participou do 8 de janeiro. Pelo contrário, repudiou" os atos.
Ao longo de sua fala, Vilardi reforçou o pedido para que a denúncia contra o ex-presidente seja rejeitada. "Eu inicio a minha sustentação dizendo que o presidente Jair Bolsonaro foi o presidente mais investigado da história do país, uma investigação que perdurou por anos, começando com o objetivo de chegar a uma live de 4 de agosto de 2021, em que se autoriza a quebra de uma nuvem. Do seu ajudante de ordens, coronel [Mauro] Cid, que hoje é delator, e que perdura por meses essa investigação da quebra, com vários objetos diferentes", afirmou.
Diferentes fases de investigação
O advogado também destacou que as investigações passaram por diferentes fases, mencionando que "num primeiro momento, verificava-se a live, numa investigação determinada pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. No segundo momento, investigava-se o cartão corporativo, os gastos do presidente e da primeira-dama. Depois, investigou-se até uma questão de emendas, até se chegar a uma questão de vacinas. Portanto, não havia um objeto específico".
Ele ainda argumentou que "foi o inquérito da vacina que ensejou a prisão e a colaboração do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid" e questionou os resultados das investigações. "E o que se achou, senhor presidente, depois de tudo isso? Foram determinadas buscas e apreensões? Fez-se a quebra de nuvens, o presidente foi investigado, realizaram-se buscas e apreensões... O que se achou com o presidente? Absolutamente nada", completou.
Documento da minuta golpista
Sobre o documento encontrado na sede do Partido Liberal, Vilardi minimizou sua relevância. "Com o presidente não se achou absolutamente nada. A partir daí, restava a versão do delator, com uma minuta que estava no seu telefone, tratando de uma questão de Estado de Sítio e mais absolutamente nada", ponderou.
O advogado encerrou sua argumentação contestando a existência de um crime contra a democracia. "Esse crime é impossível. Com todo o respeito, falar-se em execução de crime contra o governo legitimamente eleito, que era o dele. O governo legitimamente eleito surgiu no final de 2022, com as eleições. Então, como se falar em tentativa, em início da execução? E mais: como se falar em início de execução por pronunciamentos e lives, quando os dois tipos penais têm como elementares a violência ou a grave ameaça? Não existia violência nem grave ameaça", concluiu.
Fique informado com a RedeTV!
- Clique aqui para entrar no nosso canal de notícias no WhatsApp
